quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

A ERA QUE É


Não há nada mais difícil de considerar, mais perigoso de conduzir, ou de sucesso mais incerto do que liderar a introdução de uma nova ordem.
Nicolau Maquiavel

Num único período de apenas cem anos, a humanidade conseguiu violar o planeta que habita de forma tão drástica que a mudança se torna quase irreversível.
O chocante reside precisamente no ratio entre a idade do homo sapiens – duzentos mil anos – e o tempo curtíssimo da devastação do planeta.
A esta desleixada humanidade da idade do plástico, poluidora dos oceanos, juntam-se  conscientes líderes que sugam combustíveis fósseis que levaram milhões de anos a converterem-se no tão volátil ouro negro.
E se a camada de ozono, o efeito estufa se vai manifestando pelas já severas mudanças climáticas e comportamentos atmosféricos nunca dantes sentidos, tais manifestações não são ainda suficientes para deter consciências que continuam a destruír florestas tropicais, expulsando da inocência tribos inteiras, agora destituídas e prontas para a sua própria extinção.
A emergência, no país mais poderoso do mundo, de um louco e alucinado populista, contrário à defesa das fragilidades climáticas tem causado na sociedade das nações notórias preocupações. E, com esta postura, gerou no seio dos países responsáveis um vazio.
E porque o vazio se destina a conter, veio a R.P. da China muito bem ocupar o lugar que entende - e merece - entre as nações do Acordo de Paris e liderar a transmutação necessária, assumindo as próprias culpas, e procedendo a reparações tão gigantescas quanto a sua escala como país.
painéis solares nos mares da China

Bonaparte, que se perdeu no general Inverno russo, foi o primeiro a entender o tremendo poder que adviria de um despertar da China, poder que se tem vindo a afirmar de forma tipicamente chinesa, subtil, construtiva, colaborante, como insinuam a política da Faixa e a Rota.

Assistimos assim, na retoma do tema, a uma corrida para a salvação do planeta e, também, para a determinação de um futuro onde o homem possa dizer que se resgatou, apesar do reino da indiferença que este habita.


É essa mesma indiferença que tem vindo a liquidar paraísos e destruír culturas, xamanistas ou animistas, que permaneceram milénios voltadas para a Natureza, sem cargas de culpas, silícios ou cordeiros sacrificiais.
O resgate a haver implica, para mim, a redenção completa do homem enquanto ser universal. 
Sem essa incompletude, a Terra não poderá tornar a ser o que era.  


1 comentário:

  1. E enquanto o Homem não se redime numa tentativa de garantir a felicidade e o bem-estar de todos está difícil construir casulos de felicidade.

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