Aqui, neste arrabalde do Universo, no sistema solar de uma modesta estrela da periferia de lado nenhum, temos muitas vezes o atrevimento de esquecer.
Olvidar é esquecer de um modo radicalmente definitivo. É o ostracizar da Memória de uma raça, a humana, que, ainda em formação, se esquece e se vem esquecendo de si mesma.
O olvido parece, assim, fazer parte da espécie que somos, reduzindo a maioria a uma amorfa massa funcionando na manada do conformismo.
E neste pequeno planeta que habitamos, aqui é ali e o inverso também, e uma manada dali é igual à que por aqui se deixa conduzir, tudo neste recanto chamado Terra.
A manada remói sob a sapata do conformismo, da opressão e, consequentemente, da submissão. É a conformação ao que fica decidido, é a renúncia à dignidade do livre arbítrio, onde se não vislumbra um assomo de desobediência. Apenas e, quando muito, a maledicência, a insubordinação dos submetidos.
A inteligência é, em si, não um mero atributo, mas um imperativo para a dignificação do homem e da sua existência.
A inteligência é a chave que interpela o presente, o analisa e interroga, e recusa a sujeição, tanto aos poderes oligárquicos, edifícios pouco edificantes que dominam a seu gosto e capricho, como a todos os pedantes frequentadores.
É nesta situação que o meu país se encontra, e que, conformado, obediente e manso, submisso se submete ao processo de exaurir compariotas – à maneira dos prebostes – que mesmo protestando, se encontram exangues, desempregados, a um passo da morte.
Sucede porém que, quando a inteligência se não acoita e interroga, nascem os insubmissos, incómodos seres tresmalhados que ousam. E na sua ousadia se confirma a rebeldia do agir, consequência do acto pensado, e assim se confessam, confissões extremadas mas em postura lúcida, culta, humana e igualitária.
No velho Continente, a Grécia ressurge da humilhação, indómita, voltada para, como em Termópilas, liquidar todos os Xerxes de hoje, a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Montetário Internacional.
A Grécia, comandada por Alexis Tsipras e Yaris Varoufakis, emerge com vontade indomável de, dizendo basta, renegociar a evidência insolúvel da dívida, usura dos gigantes. A Grécia, tendo dado miticamente o nome ao continente, quer demonstrar à evidência que o poder só pode quando há manadas, quer demonstrar que a inteligência é, assim, mais poderosa que os Ciclopes. A Grécia quer, finalmente, demonstrar que a fragilidade é, em muitos casos, a grande força, quando a razão comanda.
Isto dito, resta olhar para o que pelo meu país vai imoralmente acontecendo.
Por tudo isto, é fundamental que se opere o resgate da Memória. Para que não se abata novamente o olvido.
Já estou a seguir o blogue.
ResponderEliminarGrande abraço
Obrigado meu caro.
EliminarGrande abraço