Passado o tempo
de choque causado pelos ataques a Paris, eis que a cidade das luzes é palco da
Cimeira do Clima, neste mês de Dezembro.
Por aqui
também faria jeito uma cimeira sobre cidades e cidadania, sobretudo quando
Charles Landry está prestes a chegar a Macau. Não se deveria deixar passar a
oportunidade da visita deste especialista em cidades criativas.
Este
último mês do ano surge agora também ameaçador para quem tinha passes mensais
de parques de estacionamento, agora descobertos como ilegais pelas entidades
competentes. O efeito foi de total aturdimento. Os ouvidos a zunir e, em redor,
o caos junto à incredulidade.
Cidadãos
foram despejados de um parque de estacionamento que emitiu passes mensais
posteriormente a 2009, o que para mim constitui uma estupefacção, porquanto não
entendo nem consegui encontrar a razão da discriminação de datas e parques de
estacionamento, a razão de o terem feito, porque só agora foram descobertos. Há
um ditado que diz "ou há moralidade...".
Há nisto
tudo uma impreparação clamorosa, um improviso total, porquanto em 2009 já devia
ter soado o alarme quanto ao número de veículos em Macau.
Foram
precisos mais oito anos para que se tomasse a iniciativa de desalojar os
portadores dos ditos passes sem que se conheçam quaisquer medidas para estancar
o dilúvio de automóveis que continua a inundar a R.A.E.M., além da extrema
poluição, consequência mais do que natural.
Parece que
a tudo isto preside uma lógica que, ou é a da batata ou a do inhame, conforme
gostos e paladares, porquanto, para além de retirar benefícios aos cidadãos em
nome de uma eventual "moralidade" que apenas existe na cabeça de
algumas sumidades científicas propensas a sorteios e afins, redundou no aumento
do custo do estacionamento para MOP6.00 por hora, o que significa que o
trabalhador normal pagará dez horas por dia, aproximadamente, qualquer coisa
como MOP60.00 diárias. Como resultado,
pude constatar que em plenas 15:00 horas, um dos parques apresentava 115 vagas
para automóveis e 130 para motociclos. O panorama é radicalmente diferente, com
enormes espaços desocupados por quem não pode, ou não aceita, pagar somas tão
avultadas.
Perguntar-se-á
a quem, verdadeiramente, beneficia esta medida. Seguramente não é aos cidadãos,
únicas vítimas de tais luminosas ideias. Ora, não beneficiando o cidadão,
alguém tirará lucro, se os automobilistas estiverem pelos ajustes ou forem
obrigados a pagar por hora MOP6.00. Afinal, estamos num mercado libérrimo, onde
até a asneira é livre.
Entretanto,
e porque depois de Kyoto, a cimeira de Paris ainda não decidiu sobre o futuro
dos combustíveis fósseis, o nosso mercado livre vai deixando engrossar a
fileira de automóveis e motociclos, e o nível do caos que é o trânsito, e o
veneno que é a poluição do dióxido de carbono, que mata que se farta, mas andam
todos distraídos com outros malefícios.
Tudo isto
me traz à mente o conceito budista do Vazio. "Uma taça só tem utilidade
quando está vazia". Transpondo para a realidade que este escrito aborda,
creio que o princípio, ainda que não budista, é o mesmo: esvaziar para encher.
Seguramente
estamos no plano do aturdimento e do vazio.
Quem vai beneficiar?
ResponderEliminarOs donos de parques privados.
Que vão ainda encarecer mais com esta medida e a dos parquímetros de dez minutos.
Essa dos parquímetros de dez minutos não lembra nem ao diabo.
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